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  • Foto do escritorPatrícia Almeida Oliveira

Como posso ter uma vida mais sustentável, dia após dia?

A produção de alimentos causa riscos significativos para o ambiente, pelo que é preciso fazer esforços no sentido de mudar para uma alimentação sustentável.


Ao discutir uma alimentação saudável estamos igualmente a ser amigos do ambiente e a reduzir a pesada pegada de carbono da agricultura.


Por onde podemos começar?

1. Alimentação sustentável

2. Preferir o local

3. Não desperdiçar

4. "Zero-waste" nas nossas casas



1. Qual a definição de alimentação saudável sustentável?


Em 2019, a Comissão EAT-Lancet lançou um relatório onde 30 cientistas de todo o globo se reuniram para chegar a um consenso científico sobre a definição de uma alimentação saudável e sustentável.

Estas recomendações focam que esta deve apresentar as seguintes características:

  • Rica em fruta e hortícolas - 200 e 300 g por dia, respectivamente, equivalente a 5 porções de fruta e hortícolas no mínimo (não considerando a batata - 50 g por dia);

  • A proteína deve ser proveniente principalmente de alimentos de base vegetal, com consumo moderado de carne de aves e ovos, e reduzido (ou nenhum) de carnes vermelhas e processadas:

Leguminosas - 75 g por dia (incluindo alimentos à base de soja)

Frutos oleaginosos - 50 g por dia

Carne de aves - 203 g por semana

Peixe - 196 g por semana

Carne de vaca/cordeiro/porco - 98 g por semana

Ovos - 91 g por semana

  • Os lípidos (gordura) devem ser principalmente de fontes vegetais, com baixa ingestão de gorduras saturas e isenta de gorduras hidrogenadas. Já os ácidos gordos insaturados (como o ómega-3) deve ser provenientes do peixe.

  • Os glícidos (hidratos de carbono) devem ser provenientes dos cereais integrais - 232 g por dia - com uma baixa ingestão de cereais refinados e menos de 5% da energia diária derivada do açúcar;

  • O consumo de lacticinios deve ser moderado - 250 g por dia;

  • Os alimentos altamente processados e refinados, a gordura saturada e açúcares adicionados devem ser evitados;

Estas recomendações exigem algumas alterações ao nosso estilo de vida, mas por outro lado permitiriam diminuir o risco de cancro, doenças cardiovasculares e diabetes, e evitar a morte de 11 milhões de pessoas por ano.


A Comissão EAT-Lancet estima que os sistemas alimentares possam fornecer uma alimentação saudável para os 10 mil milhões de pessoas que seremos em 2050, mas para isso será preciso reduzir em mais de 50% o consumo de alimentos poucos saudáveis (como carne vermelha ou açúcar) e aumentar em mais de 100% o consumo de alimentos saudáveis (fruta, hortícolas, leguminosas, frutos oleaginosos).


No fundo, há que apostar em alimentos de base vegetal, que tem uma produção com menor pegada ecológica. Contudo, há que pensar noutro aspecto importante: vamos dar preferência à manga produzida no Brasil e transportada de avião - com um impacto aproximadamente 70 x maior na pegada carbónica - ou a laranja do Algarve transportada de camioneta?

 

2. Preferir o local


O alimento que consumimos tem mais impacto global do que o local de onde vem, mas o transporte também tem um peso considerável nas nossas escolhas alimentares para o ambiente.

O consumo de alimentos e produtos alimentares produzidos numa região geográfica próxima é uma forma importante de consumir alimentos frescos e de qualidade, reduzindo o impacto ambiental associado à pegada de carbono da distância das viagens do prado ao prato - especialmente para alimentos perecíveis como o peixe ou a alface.

Contudo, esta recomendação levanta diversas questões.

  • Pensemos: bananas da Madeira ou da Costa-rica? A Costa Rica fica a 8.000 km de Portugal e a Madeira não chega a 1.000 km. Parece uma escolha óbvia. Mas e se as da Madeira vierem de avião e as da Costa Rica de barco?

  • Pensemos num outro cenário: uma produção de carne em Boston. Para os residentes locais a compra desta carne será uma boa opção caso pretendam reduzir a pegada carbónica? Talvez não seja a melhor escolha considerando que esta produção poderá ser mais carbono-intensiva uma vez que durante os meses de inverno é necessário manter os animais num espaço fechado e aquecido.

Ainda assim, o consumo local continua a ter benefícios sociais tais como o apoio à economia local e o aumento da coesão social. Adicionalmente, conseguimos reduzir o embalamento excessivo: ao vir de um produtor local, as bananas e alfaces não precisam de vir embrulhadas em plástico para as proteger de "mossas" durante o transporte.


 

3. Não desperdiçar

O primeiro passo para não desperdiçar comida passa por conservar bem os alimentos no frigorífico, despensa e congelador. No blogue "Do Zero" poderá encontrar imensa informação acerca da melhor forma de o fazer.

Um outro passo importante para não desperdiçar comida passa por planear refeições e definir uma lista de compras antes de ir ao supermercado! Está disponível aqui no blogue um post sobre planeamento de refeições para a(o) ajudar neste passo.

Outras recomendações passam por:

  • Comprar a granel;

  • Utilizar métodos de congelação;

  • Separar as sobras de comida em porções equivalentes a um almoço e congelar;

  • Aproveitar todas as partes dos alimentos (como cascas, ossos e espinhas) para fazer caldos;

  • Fazer conservas e compotas com a fruta madura;

  • Ralar o pão duro para adicionar a hortícolas ou pratos que vão ao forno;

  • Definir um dia da semana para utilizar todas as sobras que estejam no frigorífico e fazer uma sopa, por exemplo;

  • Se a comida que confeccionou ficou demasiado picante adicione limão, leite ou iogurte; se ficou demasiado doce adicione sal, vinagre ou limão; se ficou demasiado salgada adicione vinagre de vinho branco ou uma pitada de açúcar;

  • Congelar ervas aromáticas em cuvetes de gelo;

  • Oferecer as sobras.

 

4. "Zero-waste" nas nossas casas


Existem imensas dicas para aos poucos reduzir a nossa pegada ecológica, mesmo a partir de casa. Navegando por alguns sites e blogues dedicados ao assunto encontramos sugestões como:

  1. Recusar talões/recibos/facturas, guardanapos de papel nos restaurantes, palhinhas, brindes grátis, garrafas de água em plástico;

  2. Reduzir o consumo de água, gerindo com responsabilidade a sua utilização;

  3. Reduzir o consumo de papel e de roupa;

  4. Reduzir a utilização do carro;

  5. Reutilizar o que já temos (como por exemplo os sacos e marmitas, mesmo que sejam de plástico; fazer sacos do lixo com folhas de jornal - vídeo);

  6. Preferir o uso de sacos de pano que tenhamos por casa para ir às compras;

  7. Preferir panos de tecido (que até podem ser feitos a partir de roupa que já não usa) ao guardanapo e ao papel de cozinha;

  8. Utilizar frascos de vidro para armazenar alimentos e para levar às compras quando for possível comprar alimentos a granel.

"Recuse aquilo de que não necessitar; reduza aquilo de que necessita; reutilize o que consome; recicle o que não conseguir recusar; reduza ou reutilize e composte o resto". Bea Johnson (2016), Desperdício Zero


Leve tempo a adoptar um novo hábito, especialmente se o quiser manter a longo prazo.


Fique a conhecer mais dicas de zero-waste:


Sites e artigos interessantes:



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